HUWC alcança a marca de 1000 transplantes de fígado realizados

20/08/2014 21:05

Foi na madrugada de 18 de maio de 2002 que o serviço de transplante de fígado do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) realizava seu primeiro procedimento. Agora, 12 anos depois, o dia 18 de agosto de 2014 marca a realização do transplante de número 1000 (mil)conduzido pela equipe do cirurgião Huygens Garcia.  

O procedimento, realizado na tarde de ontem, durou cerca de 6 horas e foi conduzido inicialmente pelo cirurgião João Batista Marinho, e, posteriormente, finalizado pelo chefe do serviço, Dr. Huygens Garcia juntamente com os demais membros da equipe. O paciente de 63 anos, do sexo masculino, veio de Belém do Pará e há cerca de 4 meses aguardava pelo transplante e pela chance de ter uma nova vida, uma vez que havia sido diagnosticado com uma cirrose de causa desconhecida, associado a um nódulo maligno de estágio inicial e sua única alternativa era o transplante.  

Através da parceria entre HUWC e a Central de Transplantes do Estado do Ceará foi possível, em tempo hábil, viabilizar o trajeto do órgão (doado de um paciente de 73 anos falecido de causas naturais), que veio da região do Cariri trazido por membros da equipe de transplante do hospital Walter Cantídio. Dessa forma, todo o processo sempre ocorre em 3 etapas. A captação do órgão doado, a retirada do fígado doente que requer cautela para evitar complicações como sangramentos e por fim, o implante do novo fígado com todas as suas conexões para que ao final, esse novo órgão receba sangue e inicie sua função. “Até a total implantação não temos certeza de que o órgão vai funcionar, então uma alegria que sentimos é quando vemos o fígado funcionando. Em 5% dos casos isso não acontece e não se sabe o porquê. Nesses casos é necessário retransplantar com urgência”, explica Dr. João Batista Marinho, que deu início ao transplante bem sucedido de número 1000. 

Excelentes resultados


Com mais este feito, o Centro de Transplante de Fígado do Ceará se consolida como principal centro transplantador de destaque no cenário nacional. 

De acordo com Dr. Huygens Garcia, recentemente foi divulgado os números do primeiro semestre de 2014 e o Hospital Universitário Walter Cantídio continua sendo o maior centro de transplante de fígado do Brasil. Só no primeiro semestre a equipe realizou 71 procedimentos, enquanto que o Hospital Albert Einstein em SP realizou 56 e o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, considerado o maior da América do Sul, realizou 51 transplantes.

“Para mim esse momento representa uma grande satisfação. Só este ano, até agora, já fizemos mais de 90 transplantes e eu e minha equipe ficamos felizes em poder propiciar a essa população que apresente uma doença grave no fígado, condições de tratamento, uma vez que até pouco tempo não havia esse recurso aqui no Ceará e o paciente precisava se deslocar até SP. Hoje já não há mais essa necessidade. Hoje cerca de 60% dos pacientes que transplantamos já são de outros estados e recebemos em torno de 15 novos pacientes a cada semana”, disse. 

Dr. Huygens destaca ainda que embora o HUWC enfrente algumas barreiras na sua fase atual como, por exemplo, a necessidade de melhoria na estrutura física e ainda o reduzido número de leitos de UTI, mesmo assim tem sido possível desempenhar um importante trabalho no que diz respeito aos transplantes. “Estamos cumprindo a nossa missão como médicos cirurgiões de transplantes, que é propiciar esse tratamento complexo para pacientes que não tem outra opção de vida a não ser o transplante”, diz.


Causas e critérios de gravidade


A principal causa no mundo que leva um paciente a necessitar de um transplante hepático é a Hepatite C, que caracteriza-se por ser uma doença crônica, grave e que evolui em grande percentual para a cirrose hepática e, consequentemente, para a necessidade de transplante. A segunda maior causa é a ingestão abusiva de álcool e ainda outras doenças como Hepatite B, doenças hereditárias, doenças autoimunes e etc, que ainda correspondem a um bom percentual das causas. Conforme Dr. Huygens, a necessidade de transplante acaba sendo muito mais frequente em adultos, restando cerca de 5% de casos ocorridos em crianças. 

Quanto a urgência na realização do transplante em alguns casos, Dr. Huygens explica que atualmente é feito um trabalho muito sério do ponto de vista ético e do ponto de vista social. Sendo assim, a fila de espera para transplante é priorizada pelo chamado escore MELD que é a sigla para Model for End-Stage Liver Disease (Modelo para Doença Hepática Terminal), sendo um sistema de pontuação que avalia a gravidade da doença hepática crônica, através da combinação de 3 exames (bilirrubina, creatinina e índice internacional normalizado (INR)), que juntos em uma equação dá uma pontuação de 6 a 40 pontos. “Quem tiver mais pontos é um caso mais grave e, consequentemente, fica em primeiro lugar. Esse método realmente beneficia os pacientes mais graves que certamente morreriam precocemente se não recebessem o fígado logo”, explica ele. 

De acordo com Dr. Huygens, além do MELD, outra particularidade do transplante  hepático, já no que diz respeito a cirurgia, é que este é o mais complexo dos transplantes, porém, o órgão tem uma grande capacidade de recuperação e o índice de rejeição é muito baixo. “É o menor de todos. Por um lado é bastante complexo, mas por outro lado a natureza ajudou, tornando o fígado facilmente aceitável pelo paciente. Hoje nosso índice de sucesso e sobrevida é em torno de 90%, com excelentes resultados”, aponta. 


Metas

O sucesso na realização de transplantes no HUWC é resultado de um trabalho em equipe formada por 8 cirurgiões, 5 hepatologistas, 2 intensivistas, enfermeiros (as), instrumentadores (as) cirúrgicos, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem e etc. “Uma equipe ampla, uma vez que o paciente precisa ser tratado em todo esse contexto de multidisciplinaridade”, ressalta Dr. Huygens. 

De acordo com o chefe do serviço, para o futuro do transplante de fígado do HUWC, ele destaca a realização do transplante intervivo, ou seja, quando parte do fígado de um doador vivo é transplantado em um paciente necessitado, como, por exemplo, em crianças que encontra-se pouco doador para essa faixa etária. “Muitas vezes a quantidade de doador falecido não é suficiente pra suprir a demanda e em casos especiais, parentes de primeiro grau como pai, mãe, irmãos, podem doar parte de seu fígado para aquele membro da família necessitado”, diz. Segundo o medico, o novo procedimento ainda não tem data para iniciar, porém, tão logo os leitos de UTIs estejam com a fase de obras e estruturação finalizadas, será possível pôr em prática essa nova etapa de procedimentos. 


Doações


Para que os transplantes alcancem bons índices, é necessário primeiramente que exista a doação, a entrega de um órgão a ser transplantado e assim trazer a esperança para a vida de outra pessoa. No que diz respeito as doações, Dr. Huygens lembra que o Estado do Ceará é o que tem o maior número de doadores por milhão de habitantes do país, atingindo um patamar de doadores semelhante ao da Europa, por exemplo. 

“Isso vem acontecendo em decorrência da Central de Transplantes da Secretaria de Saúde do Estado e de todos os hospitais que realizam transplantes mostrando que são realizados com segurança, qualidade e excelentes resultados e ainda pela população do nosso estado que tem sido bastante solidária doando órgãos de seus entes queridos, mesmo em um momento de muito dor e tristeza. A população tem aberto o coração e ajudado bastante”, conclui. 
 

Sucesso em transplantes


O Hospital Universitário Walter Cantídio se consolida como importante unidade de saúde responsável pela realização de diversos tipos de transplantes e nos últimos anos o vem batendo recordes significativos no número de procedimentos. Há 2 anos, o hospital já atingia a meta de 1000 transplantes renais e em 2013 também se destacou pelos consideráveis progressos na realização do transplante de medula óssea autólogo, obtendo 95,3% de sucesso, colocando assim o Estado no patamar de referência nacional também nesse tipo de transplante. O HUWC realiza ainda transplantes de pâncreas e córnea.  



Fonte: Divisão de Imprensa e Marketing HUs/UFC

                                                                                                                   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1º parte da cirurgia realizada pelo Dr. João Batista

Fotografia: Divisão de Imprensa e Marketing

 

 

Início do transplante que duraria cerca de 6 horas

   Fotos: Divisão de Imprensa e Marketing

  Dr. Huygens realizando a 2º parte da cirurgia, implantando o novo órgão

Equipe de Transplante de Fígado do HUWC 
Foto: Comunicação UFC
 
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